Software em revolução: como a IA está redesenhando o SaaS e o papel da FINEP

Compartilhe

Durante o ABES Summit 2025, os painelistas se reuniram para debater os impactos da inteligência artificial na indústria de software, com destaque para o painel “A Indústria de Software Pós-IA: Adeus ao SaaS como Conhecemos?”. A discussão revelou um cenário de transição profunda, onde a IA não apenas transforma produtos, mas redefine modelos de negócios, métricas de valor e estratégias de crescimento.

Mudança de paradigma

Lauro De Lauro, diretor adjunto da ABES e moderador do painel, abriu os trabalhos destacando que “a chegada da IA bagunça o mundo do software, trazendo novas competências e desafios”. A transformação é inevitável, e compreender essa nova lógica é essencial para quem deseja surfar a próxima onda de inovação.

Laura Constantini, fundadora da Nido, reforçou que estamos diante de uma nova fase, marcada por soluções mais verticalizadas e profundas. “A velocidade das mudanças pode tornar obsoletas até empresas com base sólida de clientes e dados. É um momento de grandes oportunidades, mas também de reconfiguração”, alertou.

FINEP como catalisadora da transformação

A participação da FINEP foi um dos pontos altos do painel. Luiz Sergio Leonel Utino, gerente de TIC da instituição, trouxe uma visão estratégica sobre o papel da IA na entrega de valor do software. “Antes, o software dependia do ser humano para interpretar e agir. Agora, os agentes autônomos assumem esse papel. A orquestração dessas inteligências será o novo desafio — e é aí que o apoio da FINEP pode ser um caminho promissor”, afirmou.

Utino acredita que o modelo SaaS não será substituído, mas aprimorado com IA. A coexistência de modelos será inevitável, como ocorreu com tecnologias anteriores. Ele destacou que a FINEP vive um momento positivo em relação à disponibilidade de recursos via FDCT, especialmente dentro da iniciativa Nova Indústria Brasil — uma política industrial que tem como missão a transformação digital das empresas e o apoio a tecnologias emergentes como a IA.

Em sua fala, Utino fez um chamado direto aos empreendedores: “Se vocês estão vendo essa transformação acontecer, se querem desenvolver um projeto com risco tecnológico, procurem a FINEP. Queremos apoiar esse tipo de projeto. Não fiquem só com o risco, compartilhem com a FINEP.”

Investidores atentos à escalabilidade

Pedro Carneiro, COO da ACE Ventures, trouxe a perspectiva dos investidores, destacando que a IA acelera a escalabilidade dos negócios. “Estamos vendo empresas chegarem a 100 milhões de dólares de receita em menos de um ano. Quem não escala rápido será empurrado para baixo”, alertou, apontando que o “meio da indústria” — onde estão os ativos que não viram unicórnios — será o mais pressionado.

O painel deixou claro que a indústria de software está em plena metamorfose. A IA redefine os fundamentos e exige novas formas de pensar valor, produto e crescimento. Com apoio institucional como o da FINEP e uma política industrial voltada à inovação, o Brasil tem a chance de ocupar um papel relevante nessa nova era digital.

Sobre o ABES SUMMIT

A 15ª edição do ABES SUMMIT, realizada em 08 de outubro no JW Marriott, em São Paulo, teve como tema central “Fronteiras Digitais – Geopolítica, Tecnologia e Sustentabilidade”. O evento promoveu um dia de imersão para CEOs, líderes e representantes do governo, com o objetivo de destacar o poder da tecnologia para acelerar a transformação dos negócios e da economia. Em um cenário de recalibração global onde tecnologia e geopolítica se entrelaçam, o ABES SUMMIT debateu estratégias práticas para enfrentar desafios como o domínio da Inteligência Artificial (IA) e IA Agêntica, a cibersegurança global, regulação e políticas públicas, e a qualificação da força de trabalho. O foco foi no papel estratégico do Brasil, que pode se firmar como protagonista global na transição energética, na preservação da biodiversidade e no avanço digital, devido à sua matriz limpa e ecossistema de inovação. O ABES SUMMIT 2025 contou com transmissão online gratuita e o selo BMV, compensando 100% dos impactos ambientais.