IA Transversal: como dados, governança e formação redefinirão as cidades e a área da Saúde

Compartilhe

O sétimo painel do ABES Summit 2025, “A IA como Força Transversal dos Negócios”, reuniu especialistas para discutir como a inteligência artificial pode ser aplicada com responsabilidade em áreas estratégicas como saúde, mobilidade urbana e políticas públicas. A moderação ficou por conta de Jamile Sabatini Marques, Diretora de Inovação, Fomento e Pesquisa da ABES e do Think Tank ABES – Centro de Inteligência, Políticas Públicas e Inovação.

IA a serviço da população

Na abertura, Paula Faria, CEO da NECTA e idealizadora do P3C e do Connected Smart Cities, ressaltou que a IA deve estar a serviço da população. “A cidade só é verdadeiramente inteligente quando a tecnologia chega para todos”, afirmou, defendendo uma gestão pública baseada em evidências e dados acessíveis. Segundo ela, a inclusão é um ponto central na aplicação da IA em ambientes urbanos. “Não adianta falar de tecnologia se ela não for acessível. Os dados e a inteligência artificial têm potencial para transformar áreas como mobilidade urbana e saúde, mas só fazem sentido quando estão a serviço da população”, completou.

Destaque para Ana Estela Haddad e a saúde digital

Um dos momentos mais marcantes do painel foi a participação de Ana Estela Haddad, Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde. Ela apresentou os avanços na transformação digital do SUS, iniciada com a criação da secretaria em 2023. “Esse é um movimento de todo o governo. Temos articulações em várias pastas e um comitê na Casa Civil para pensar essa integração. O objetivo é fortalecer os princípios do SUS, como universalidade e equidade no acesso”, explicou.

Ana Estela destacou que a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) cresceu mais de 300% nos últimos dois anos e meio, ultrapassando 3,1 bilhões de registros. Essa infraestrutura robusta permite ações como previsão de emergências sanitárias, personalização do atendimento clínico e acesso ao histórico de prontuários. “Hoje conseguimos prever pandemias e epidemias com base em dados populacionais e genômicos. Isso nos coloca em outro patamar de gestão e inovação”, afirmou.

Ela também detalhou ações estruturantes em andamento no Ministério da Saúde para viabilizar o uso da IA: mudanças na infraestrutura digital, implementação de uma política de governança de dados e projetos experimentais como a compra centralizada de medicamentos utilizando algoritmos inteligentes. “A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa, mas só entrega resultados reais quando há capital humano preparado para usá-la. Precisamos formar profissionais e também qualificar os usuários do sistema”, reforçou.

Formação de talentos como prioridade

Vinicius Marchese Marinelli, presidente do CONFEA, complementou o painel abordando a importância da formação de talentos para sustentar essa transformação. “Temos um ecossistema com muitas interfaces, e a engenharia está no centro disso. Mas enfrentamos um problema sério: a baixa procura de jovens por cursos de engenharia. Precisamos atrair essa geração que nasceu com a tecnologia para o serviço público, que será o mais impactado pela falta de profissionais qualificados”, alertou.

Vinicius defendeu que o país precisa tratar a formação de talentos como política de Estado. “Portugal já percebeu isso e está mudando a curva. O Brasil precisa fazer o mesmo. Se não observarmos isso agora, daqui a 20 ou 30 anos teremos um problema grave”, concluiu.

IA com propósito e inclusão

O painel concluiu que a IA é uma força transversal capaz de transformar o Brasil — desde que guiada por princípios éticos, inclusão digital e políticas públicas bem estruturadas. A participação de Ana Estela Haddad evidenciou que a saúde pública já está trilhando esse caminho, com ações concretas, visão estratégica e foco na equidade. A inteligência artificial, quando aplicada com propósito, pode ser a chave para um futuro mais justo, eficiente e conectado.

Sobre o ABES SUMMIT

A 15ª edição do ABES SUMMIT, realizada em 08 de outubro no JW Marriott, em São Paulo, teve como tema central “Fronteiras Digitais – Geopolítica, Tecnologia e Sustentabilidade”. O evento promoveu um dia de imersão para CEOs, líderes e representantes do governo, com o objetivo de destacar o poder da tecnologia para acelerar a transformação dos negócios e da economia. Em um cenário de recalibração global onde tecnologia e geopolítica se entrelaçam, o ABES SUMMIT debateu estratégias práticas para enfrentar desafios como o domínio da Inteligência Artificial (IA) e IA Agêntica, a cibersegurança global, regulação e políticas públicas, e a qualificação da força de trabalho. O foco foi no papel estratégico do Brasil, que pode se firmar como protagonista global na transição energética, na preservação da biodiversidade e no avanço digital, devido à sua matriz limpa e ecossistema de inovação. O ABES SUMMIT 2025 contou com transmissão online gratuita e o selo BMV, compensando 100% dos impactos ambientais.