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*Por Delza Assis

O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) surge como um farol em meio à complexidade da transformação digital no país, especialmente no que diz respeito à aplicação da inteligência artificial na administração pública. Com um território continental e vasta quantidade de dados governamentais, o Brasil tem diante de si a oportunidade de revolucionar a gestão pública, tornando-a mais eficiente, transparente e acessível. O PBIA não apenas reconhece esse potencial, mas traça um caminho claro para que a IA seja uma aliada na construção de um Estado mais ágil e centrado no cidadão. 

A ideia de utilizar IA para otimizar processos e melhorar serviços públicos não é nova, mas ganha contornos urgentes em um país onde a burocracia e a lentidão ainda são entraves ao desenvolvimento. Imagine um sistema de saúde que prevê surtos de doenças com antecedência, permitindo alocar recursos de forma estratégica; ou uma plataforma educacional que personaliza o ensino de acordo com as necessidades de cada aluno. São apenas algumas das possibilidades que a IA oferece, e o PBIA as coloca no centro de sua estratégia, com investimentos robustos e visão clara de futuro.

O plano destaca a importância de ações imediatas e estruturantes, equilibrando soluções de curto prazo com a construção de bases sólidas para médio e longo prazos. No curto prazo, projetos-piloto podem demonstrar o valor da IA em áreas críticas, como saúde, segurança e educação, gerando resultados tangíveis em meses. Já as ações estruturantes, que recebem a maior parte dos investimentos, focam em criar as condições necessárias para que a IA floresça no setor público, desde a formação de profissionais até o desenvolvimento de infraestrutura tecnológica nacional.

Um dos aspectos mais promissores do PBIA é sua ênfase na governança participativa, que envolve não apenas o governo, mas também a academia, o setor privado e a sociedade civil. Essa abordagem colaborativa é essencial para garantir que as soluções de IA sejam desenvolvidas com ética, transparência e responsabilidade, evitando vieses e protegendo a privacidade dos cidadãos. Afinal, a IA não é um fim em si mesma, mas uma ferramenta para melhorar a vida das pessoas.

Para que o PBIA alcance seu potencial, no entanto, é importante superar desafios históricos, como a fragmentação de dados entre órgãos públicos e a resistência à mudança cultural. A interoperabilidade dos sistemas e a capacitação de servidores públicos são passos fundamentais nessa jornada. Além disso, é preciso garantir que as soluções de IA sejam inclusivas, atendendo às necessidades de todas as regiões do país, especialmente aquelas mais carentes de recursos.

O setor público brasileiro está diante de uma encruzilhada. Pode continuar preso a modelos ultrapassados ou abraçar a IA como aliada na modernização do Estado. O PBIA oferece um roteiro claro para essa transformação, mas o sucesso dependerá da capacidade de execução e do comprometimento de todos os envolvidos. Se bem implementado, o plano não apenas tornará os serviços públicos mais eficientes, como colocará o Brasil na vanguarda da inovação governamental, mostrando ao mundo que a tecnologia pode, sim, ser uma força para o bem comum.

A hora de agir é agora. O futuro do setor público brasileiro depende das escolhas que fizermos hoje. E o PBIA é, sem dúvida, um passo na direção certa.

*Delza Assis, Relações Institucionais da 1Doc

 

Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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